sábado, 2 de maio de 2009

O Complexo Monumental das Sete Fontes (*)

Pensar a cidade é pensar nos seus cidadãos. A JovemCoop, ao longo da sua existência, tem pautado por reforçar, junto dos seus membros, valores associados à cidadania, ao ambiente e ao enraizamento cultural. Por força das actividades internacionais, levamos para fora de Portugal alguns ícones que melhor possam representar a nossa cidade. Sendo estatutariamente uma associação apartidária e sem confissão religiosa, não nos podemos imiscuir das responsabilidades de quem pensa a cidade. Afinal, este é, também, um papel que queremos desempenhar na procura da melhor cidadania participativa.

Assim, é com extremo agrado que felicitamos a Juventude Socialista pelo seu interesse no futuro do Complexo Monumental das Sete Fontes e pela reunião que realizaram com o Sr. Vice Presidente e Vereador do Urbanismo da Câmara Municipal de Braga. É importante percebermos que há gente interessada em pensar a cidade, como nós advogamos.

É certo que o Complexo Monumental das Sete Fontes é hoje monumento nacional por força de outras forças que pugnaram para que isso acontecesse. É interessante saber que este assunto, apesar de muitos apontarem o abandono daquele sítio, é um tema recorrente e que interessa aos cidadãos de Braga. A JovemCoop mostra-se feliz porque, afinal, a Marcha de Sensibilização, promovida no dia 08 de Março, em co-organização com a ASPA e a Junta de Freguesia de S. Victor, cumpriu os objectivos a que se destinava. Sensibilizar e juntar mais pessoas à causa deste Sítio. Todos juntos poderemos, com certeza, pensar um Parque Verde capaz de servir as necessidades dos cidadãos de Braga e, de uma vez por todas, recuperar aquele espaço e deixar cair o epíteto de “abandono”.

É óbvio que o Parque Verde das Sete Fontes deve ser pensado com os contributos dos cidadãos, por isso, aquilo que solicitaremos em sede própria (mas que deixamos já aqui registo) é que a vereação do urbanismo seja receptiva e sensível para acolher os contributos dos cidadãos. Como é óbvio, e porque cremos ter ficado omisso no comunicado da JS, é que o Parque Verde das Sete Fontes não pode ser pensado pelo que vemos lá actualmente. Ao abrigo da longa ocupação humana daquele espaço podemos, desde já, adivinhar que a zona das Sete Fontes será rica em água, em fauna, em flora e em património, quer arquitectónico, quer arqueológico. Por isso, e porque cremos que este projecto para as Sete Fontes não deve ser somente pensado em gabinete, aquilo que solicitamos é que a CMB apele à participação dos cidadãos para fazer chegar os seus contributos. Dar voz a quem conhece bem o terreno, dar expressão a quem tem contribuído para que as Sete Fontes ainda brotem água e que marquem uma paisagem, um tempo e várias Histórias.

Tal como a Junta de Freguesia de S. Victor tem solicitado, ao longo dos tempos, a colaboração de entidades e personalidades que gostam e conhecem a zona das Sete Fontes ( e também noutros assuntos igualmente importantes), apelamos ao Sr. Vice Presidente com a vereação do Urbanismo que aja em prática semelhante. Que chame quem pode dar contributos, que se reúna de propostas que entidades como a JovemCoop (e outras certamente) podem ajudar a enriquecer o Plano de Pormenor do Complexo Monumental. Após auscultadas as entidades ou particulares (porque a lei 107/2001 artº 10 alínea 5 assim o prevê), a CMB poderia gozar de um período de elaboração do projecto, após o qual seria então bom fazer uma sessão aberta aos cidadãos e apresentar o Plano de Pormenor e Parque Verde das Sete Fontes. Ainda que este espaço já esteja a ser transformado, mais vale fazê-lo tarde do que nunca o concretizar.

Contudo, o nosso apelo final é que as Sete Fontes não sejam vistas como objecto de arremesso partidário em ano de eleições, porque nitidamente fica este complexo e os cidadãos a perder. Queremos sim que este Complexo Monumental seja visto como um incremento social e turístico para a cidade, pois é um verdadeiro museu ao ar livre, e deve ser tratado com o respeito que a nossa memória colectiva merece. É uma questão de política de urbanismo, social, do ambiente, do património e não uma questão de politica partidária. Os nossos monumentos foram pensados à data para uma finalidade e agora compete-nos a nós dar-lhe um novo e oportuno objectivo devidamente enquadrado.

(*) Texto de reflexão da responsabilidade da JovemCoop , disponível no sítio desta associação e inicialmente publicado no dia 28/Mar/09 no jornal Diário do Minho (link do texto não disponível, já que o conteúdo é reservado a assinantes).

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